Já faz algum tempo que eu precisava atualizar meu sistema operacional no computador do trampo. Até 4 horas atrás, ainda era o RedHat 9. Basicamente, eu uso o Kate para editar arquivo, Firefox para navegar na Internet, XMMS para ouvir músicas e o Evolution para ler meus emails.
O Rafael instalou o Ubuntu e o Valdeci, o OpenSuse 10.0. Vi que a minha hora tinha chegado, e no conflito de qual distribuição instalar, fiquei com a Ubuntu. Até o momento de entrar no sistema eu não havia entendido a razão, achei que tinha escolhido porquê pela net eu li melhores opiniões a respeito dele, ou porquê o Suse me parece muito fresco, sofrendo dos mesmos problemas de outras distribuições.
E não é que eu tinha razão?
Introdução
Essa pequena crÃtica fala de algumas de minhas experiências com uma instalação zero do Ubuntu. Alguns aplicativos que mexi, situações que vivi. Acabei fazendo, por curiosidade e obrigação, muito mais do que posso relatar nesse artigo. Mas espero dar uma idéia sobre essa distribuição e o estado do Linux no desktop.
Instalação
O primeiro choque, e negativo, já veio durante a instalação. É feita completamente em modo texto. Eu ficava pensando, texto? Mas estamos em 2005, todas as instalações modernas usam modo gráfico. Reclamei quando saà da instalação e, no reboot, mais texto, nomes de pacotes crÃpticos, descompactando, atualizando, eu mesmo entendia (por cima) o que acontecia, mas imaginava um usuário novato em Linux, vendo todas as aquelas mensagens. O Ubuntu não podia ser bom… teria eu errado na escolha?
Aà a ficha caiu: Sim, texto. Sim, mensagens crÃpticas. Tempo total de instalação: 40 minutos. Número de teclas pressionadas: 6 ou 8 Enters. “Perdoei” o sacrilégio da instalação não ser gráfica e, na verdade, minha opinião quanto à instalação foi completamente invertida: O Ubuntu pode não ter acertado na belezura, mas no que eles acertaram foi de maneira impressionante. Quer mais rápido e fácil que isso?
O primeiro problema
Fui tomar um café e quando voltei, o monitor exibia uma mensagem que estava “out of sync”, ou fora de sincronia. Macaco velho, problemas com atualização vertical e horizontal… pulei nos fórums do Ubuntu e me deram o comando para rodar:
sudo dpkg-reconfigure xserver-xorg
Recomecei a máquina, sem a mÃnima idéia de como entrar no console. Quando o Grub escreveu que se eu apertasse Esc, poderia ter mais opções, fiz essa rota. Mas não é muito óbvia para alguém que nem sequer sabe que diabos faz o Grub.
Rodei o comando, e depois de algumas telas, três opções quanto à configuração da resolução e taxa de frequência eram exibidas: simple, medium e advanced. Fui na medium e selecionei 800×600 com 60hz. Boot de novo, e o mesmo problema. Rodei o comando de novo, mas escolhi simple. Reboot, e… e… funcionou!?! Nem me perguntei o porquê… a tela de login do Ubuntu estava pronta para seu primeiro usuário.
Meu Deus, é lindo
Acho que essa foi realmente minha primeira impressão. Já li pela net que algumas pessoas não gostam do tom marrom adotado na cara da distribuição. Bem, eu posso dizer que gostei. A imagem de fundo não é tão legal como a do Suse, um camaleão alucinado, parece uma teia de aranha jogada em Coca-Cola. Mas junto com as bordas dos aplicativos, das opções nos menus, tudo parece ter mais consistência. Não me importa se é marrom, ou cinza/azul como no RedHat 9, o importante era ter um ar de lugar confortável, e acho que o pessoal do Ubuntu conseguiu isso. As cores não são intimidadoras, nem parecem que foram feitas por amadores. Ponto positivo.
Os primeiros aplicativos
Avisado pelo Rafael das (palavras dele) “centenas de atualizações que você deve puxar toda vez que entra no Ubuntu”, resolvi atualizar o sistema. Imaginei que o aplicativo para tal tarefa estivesse debaixo do menu System, passei o mouse nos primeiros itens, e lá estava, Update Manager. Ponto positivo no meu conceito.
Depois de pegar a lista de aplicativos que eu deveria atualizar, e minha confirmação, eles começaram a serem baixados na net. Entrei em pânico. Tava muito fácil pra ser verdade… felizmente um botãozinho chamado Details me injetou o droga que meu lado nerd precisava.
Passado o momento e depois que eu percebi a ridicularidade da situação, era hora de importar os antigos emails do meu Evolution.
A mini-saga do Evolution
Eu usava o Evolution 1.4.2 no RedHat 9. Depois de configurar minha conta quando comecei o Evolution no Ubuntu, que agradabilÃssima surpresa. Evolution 2! Eu estava há muito tempo querendo usá-lo, e pude entender as razões.
Primeiro, é lindo. Eu sei que é a terceira vez que menciono beleza de algo no Ubuntu, mas eu sou facinho.
Quando eu fui importar o mbox antigo do backup, comecei a descobrir também como achar um compartilhamento samba na rede. Debaixo do menu Places tem um item chamado Network Servers, e ali eu cliquei. Apareceu o servidor, cliquei, pediu minha senha, até aà tudo bem, eu estava descobrindo aonde ficam os arquivos compartilhados.
No menu do Evolution tem um item chamado Import, ali eu cliquei, mas na tela de seleção de arquivo, eu não conseguia chegar no mesmo lugar que o menu Places. Ok, widgets diferentes, suponho. Algumas pesquisas nos fóruns do Ubuntu me contradizeram em parte: Existiam idéias de como achar um share na maioria dos menus, mas não em todos. Fui pelo gEdit, ali também não aparecia.
Depois descobri o Connect to server… no menu Places, e coloquei o mesmo share no mesmo servidor umas cinco vezes, porque eu clicava em OK e nada acontecia.
E nada de aparecer no Import do Evolution.
Resolvi navegando com o Nautilus até na pasta Windows Network, copiando o arquivo pro meu Home, e importando dali.
Ponto negativo.
Umount
Não lembro porquê cargas da água eu re-iniciei a máquina. Depois do login, no desktop, apareceram Ãcones de uma pasta escrito SMB do lado, com os nomes julio, julio(1), julio(2), até julio(5). Aaaaaah entendi, o reboot fez os shares que eu estava tentando fazer aparecer com o Connect to server…, bem… aparecerem. Cliquei neles, realmente, eram os meus shares do samba.
Mas ainda não apareciam no menu do importar do Evolution. Então pensei, quem sabe em outras caixas de diálogo de arquivos? Abri o gEdit e eles apareciam lá. Abri um arquivo, fiz uma modificação, mas não salvavam. O share foi montado sem permissão de escrita. Nas propriedades do Ãcone, nada fazia eu poder escrever arquivos.
Então criei um Launcher no desktop do tipo link para smb://, mas que também não funcionou.
Solução encontrada? A mesma de sempre… sudo gedit /etc/fstab e adicionar os shares “na mão”. Ponto kelvin, zero absoluto. Eu não queria editar um arquivo de configuração para nada, e lá fui eu, obrigado, senão nem sequer poderia começar a trabalhar.
Conclusão
O Ubuntu é a melhor distribuição Linux que eu já vi, e que eu já usei. Nas coisas certas, ela acerta demais: Por exemplo o Gaim tem o nome de “Gaim Instant Messenger” e está debaixo do menu Applications -> Internet. Contraste isso com o Suse: O Gaim se chama Gaim e está debaixo de Applications -> Internet -> Instant Messengers, sendo que nesse último nÃvel do menu, só existe o Ãcone do Gaim e o sÃmbolo do menu é um elefante azul (???).
O lema da distribuição, Linux for Humans Beings, para usuários domésticos que só vão clicar em Next Next Next na instalação, está seguido. Mas saia um pouco da norma e você enfrenta clássicos problemas do Linux no desktop.
De qualquer jeito, eu instalei e recomendo o Ubuntu sobre qualquer outra instalação atual.
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